sexta-feira, 5 de novembro de 2010

4º ENCONTRO DO MOVIMENTO NACIONAL DE CIDADÃS POSITHIVAS

Aconteceu em Atibaia/SP, de 28 a 31/10/2010

Olá pessoas!!
Acabei de voltar de Atibaia/SP, onde tive o privilégio de participar do 4º Encontro do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas (MNCP), de 28 a 30 de outubro. Embora não seja positiva para o HIV, fato que limitou um pouco externar meu ponto de vista com relação a determinados assuntos, posso dizer que saí de lá muito emocionada e fortalecida. Cabe esclarecer que só consegui participar do Encontro, porque fui como acompanhante da Cida Lemos que é deficiente visual. Caso contrário eu não poderia, por ser um movimento exclusivo para cidadãs positHIVas.
A mulher quando quer, ela pode!!! E pode muito.

O evento teve em sua abertura, três mulheres indígenas (de Roraima), cantando e dançando um ritual de boas vindas, típico da tribo delas.
Logo depois, a cidadã que fez o cerimonial, abriu os trabalhos falando sobre os encontros anteriores (demonstração de fotos em slides), esclareceu como começou o MNCP e os seus objetivos. Logo em seguida, foi lida a Carta de Princípios do MNCP.
Cinco Cidadãs, representantes das regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro Oeste, falaram sobre os avanços e retrocessos em cada região, com relação ao enfrentamento da epidemia HIV/AIDS.

A primeira mesa foi composta por pelas seguintes autoridades> Eduardo Barbosa -Programa Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais; > Dr. José Marcos – Coordenador Municipal de Osasco do Programa DST/AIDS; > Dra. Naira Santos – Deptº Estadual do Programa DST/AIDS; > Gil Cassimiro – também do Deptº Nacional DST/AIDS; > Kátia Guimarães – Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres; > Nair Brito, representante do MNCP/SP, a mediadora da mesa.

Eduardo Barbosa explicou a dimensão da política de saúde do país e afirmou que, não existem diferenças entre Nacional, Estadual ou Municipal, existe sim um Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais, que foi criado a partir do governo atual. A grande questão no país é que, perante a sociedade civil, o portador de HIV/AIDS não têm direito a ter filhos – é a grande luta do Deptº de DST/AIDS. Disse-nos também que não podemos deixar que a política interfira nas questões de enfrentamento de HIV/AIDS, para que não haja um retrocesso nos ganhos do movimento.

Dr. José Marcos nos apresentou dados estatísticos que comprovam que, Osasco representa 37% dos casos de HIV/AIDS no país; ocupa a 10ª posição no número total de casos de AIDS (2.721).
A incidência entre adolescentes do sexo feminino é bem maior. Sendo de 36% o número de casos de AIDS em jovens de 13 a 24 anos.
O coeficiente de mortalidade por AIDS (por 100.000 habitantes) em 2008 chegou a 6,1.
Concluiu afirmando que é fundamental a educação sexual na adolescência, orientação sem tabus.

Dra. Naira falou sobre plano de feminilização Estadual do Programa.

Gil Cassimiro elogiou o MNCP e colocou sua posição e empenho no Programa DST/AIDS

Kátia Guimarães (representando a Ministra Nilcéa), explicou quais as ações que a Secretaria de Políticas para Mulheres podem tomar e articular. Falou também da força que o MNCP tem diante do governo e cobrou mais atitude política do movimento.

No 2º dia aconteceram as oficinas. As cidadãs foram dividas em 5(cinco) grupos.
Oficinas: Direitos sexuais e reprodutivos
Advocacy
Controle Social
Intercâmbio político

Eu participei da oficina de Advocacy, que foi orientada pela cidadã representante de Minas Gerais. Discutimos sobre a questão da invisibilidade e o retrocesso que tal atitude provoca ao MNCP. Viver com HIV/AIDS não é vergonhoso para ninguém. A visibilidade fortalece e dá credibilidade a qualquer ação dos movimentos HIV/AIDS.
Concordamos em articularmos, em nossas bases, um grande caminha à Brasília para cobrar dos políticos que forem tomar posse, os nossos direitos, as promessas de campanha e projetos para o enfrentamento HIV/AIDS.
Discutimos também a questão da reprodução assistida, direito da portadora do HIV, que nem sempre é respeitado. Tal situação precisa ser questionada no PAM – Plano de Ações e Métodos.

A segunda mesa do evento, contou com representantes das seguintes instituições: UNIFEM, MNCP, UNAIDS, ONU MULHERES, UNFPA e UNICEF.
Assunto – Intercâmbio Político
 Segundo José Marcos Oliveira, Intercâmbio Político = Troca; pode ser uma troca de experiências, troca cultural, troca comercial, ou seja, pode ter uma infinidade de sentidos.
 Intercâmbio Político tem que ser muito forte entre as redes. Qual é a nossa meta hoje? O correto é falar todo tempo sobre a “cura”, brigar por pesquisas para a “cura”, não só por mais medicamentos para manter a qualidade de vida e sim por medicamentos para a “cura” do HIV. Criar uma agenda política, para isso precisamos de políticas públicas para articular o processo.
 A representante da UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) Jeniffer Gonçalves, esclareceu que a entidade trabalha no apoio de ações preventivas, garantem os insumos necessários e dá apoio aos projetos apresentados pelos movimentos HIV/AIDS.
 O representante da UNIFEM, Cleiton Lima, ponto focal para HIV/AIDS, falou sobre o enfrentamento e feminização da epidemia e promoção do fim da violência contra a mulher. Falou também sobre a criação ONU-Mulheres, criada em 20/07/2010 em Assembléia Geral da ONU que entrará em vigor em 01/01/2011
 A representante da UNAIDS-Brasil, Jacqueline Rocha Côrtes, esclareceu a missão da UNAIDS > é co-patrocinada por 10 (dez) agências do Sistema das Nações Unidas e suas funções são: interlocução/articulações políticas internas, com outras redes, outros atores e setores, e outros movimentos sociais.

No 3º dia do encontro, tivemos oficinas separadas por regiões para discutir sobre as demandas e avanços do movimento.
A mesa do 3º dia foi composta por cidadãs representantes do MNCP de algumas regiões.

 A representante da ABL – Associação Brasileira de Lésbicas, Cilene Pipoca, falou sobre a invisibilidade das lésbicas e mulheres bi sexuais vivendo com HIV/AIDS; discutiu a transmissão de DSTs durante o ato sexual entre mulheres, e que o governo não dá a devida atenção ao problema porque diz que “mulher não pega HIV transando com mulher”. Acontece que o número de lésbicas que sofrem agressões, violências, estupros corretivos e discriminação, é alarmante a nível nacional, o que tornam as lésbicas e bi sexuais muito vulneráveis às DSTs. Infelizmente a política é machista e não acredita em contaminação no ato sexual entre duas mulheres. Existem cerca de 30.000 denúncias de lésbicas que sofreram violências, pelo 180 – número nacional.
 A representante indígena do MNCP descreveu a área de Roraima. Falou que o aumento de infectados por HIV vem aumentando consideravelmente, graças à migração do povo indígena para outros Estados.
 Cida Lemos, também do MNCP/RJ, falou sobre a deficiência física causada pela AIDS e o preconceito. A falta de inclusão dos portadores de deficiência física acontece até mesmo em Encontros, Seminários, Fóruns, etc. A falta de interesse das organizações desses eventos, acontece por considerarem um custo muito alto convidar o deficiente com acompanhante. Foi sugerida a necessidade de que seja pesquisado, porque tantas pessoas com HIV/AIDS estão ficando deficientes, uma vez que existe medicação para controle das infecções oportunistas. Que talvez a própria medicação seja o vilão da deficiência.
 Uma das representantes do MNCP falou sobre o tema: HIV e a Mulher Negra e Religião. Esclareceu que o risco da AIDS medido pelas taxas tem o seu maior índice na população negra. Denunciou a falta de pessoas negras em campanhas preventivas na mídia em geral. E que a religião pode ser um espaço para trabalhar a prevenção e dar assistência aos soropositivos, preservando a saúde e a fé.

Após a exposição de cada palestrante, as discussões foram abertas para a plenária.

A parte final do encontro foi para a elaboração da Carta de Atibaia, contendo todas as reivindicações que foram discutidas entre as representantes das regiões e levadas à plenária para aprovação.

No saldo geral, foi muito bom o Encontro. Conseguimos incluir na carta, a necessidade de fazer parte do exame pré-natal e exames de rotina na rede pública, a testagem para o HTLV, assim como é feito para as outras DSTs.

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